Letters in Store

Wednesday, December 28, 2005

"Beauty is Truth and Truth is Beauty"

A manhã entrara luminosa no quarto. Não era desejada para ela. Preferia ignorá-la nos dias que correm.
Vazia, percorre a casa sem mobília....em silêncio....apenas o quarto mantinha a cama que escolheram, naquele dia de Verão, em que sorria plena de sonhos. Os cortinados fizera-os com a ajuda da mãe, e um sorriso velado escondia a cada movimento, a cada gesto da agulha (confidente de uma ou outra lágrima).
Não lhe apetecia sair deste túmulo em que agora vivia...as cores do mundo lá fora eram feridas na alma que simplesmente perdera a cor. "Amo-te" , "Quero estar contigo", dizia por vezes a memória ao percorrer os corredores daquela casa e na cozinha lembrava o cenário imaginado "Queria levar-te para a cozinha e fazer-te o jantar quando chegasses"...fechava os olhos e sorria, o coração quente e as mãos frias bebiam fascinadas aquela voz.
Veio o dia em que o silêncio se instalou. O corpo faltava, a voz perdia o calor e a distância assumia cada vez mais o seu papel de carrasco e juíz...não se veriam mais. Sozinha, naquele quarto, abre um livro que escrevera a cada dia que passaram juntos...na cama perpassa cada página e o coração aperta-se e afunda no abismo..."de que vale o calor das mãos se o frio d'alma se instalou?" - pergunta.
Permanece em silêncio a sua boca...à espera do sol que nasce a cada manhã e no beijo que oferece ao seu corpo a acorde para a vida lá fora...como ela, tão bela.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home