Letters in Store

Wednesday, May 28, 2008

Pre-scriptum
"Tanto ando desinquieto que a calmaria inunda o silêncio que esmaga a vontade," dizia na penumbra do quarto, nas noites em que sorriso caía e dava lugar à inevitável sensação do amanhã que não se sabe para onde ou para quê.
Deixava-se volitar ao sabor da multidão nas ruas, o vai-vem automatizado, robotizado e desumanizado, e a cada lágrima caída o arrependimento por se vergar a este deus quotidiano.
Não havia ninguém que lhe lembrasse de quem fora ou de quem seria. Perdera-se do fio de Ariadne, e o labirinto adensava o negrume das trevas que viviam dentro de si. Procurava altares, saudades e liberdades com vista ao inegável desejo de ser carne e entregar-se às asas do sonho rumo à mentira almejada de uma infância adulta, ciente do suspiro que se aproxima cada vez mais do fim.
"E uma pausa," pensava, "traria o sorriso e o sangue à flor da pele: o amanhã que ando evitando serás tu, a carne que tomei agora, e para sempre, minha."

1 Comments:

  • Não demores tanto tempo a escrever, por favor... Ainda matas alguém de ansiedade :o)

    By Blogger Catarina, at 1:22 PM  

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