Letters in Store

Wednesday, August 13, 2008

Earth


Quiseram romper com os laços à terra onde nasci. Perdi-me por uns tempos, vagueei por ruas que pensava conhecer, caras que achava reconhecer, sorrisos que imaginava corresponder. Vãs ilusões de um dia em que quis ser outro que não eu.



Limpo a alma de outras noites, suores de carnes que já esqueci e por onde não sei voltar, curvas perigosas de lábios de mulheres cujos perigos me ensinaram a querer mais de mim, e a desejar a companheira.




Artificialmente pondero o amanhã, como se todos os projectos ainda me fossem possíveis...mas aquela punhalada e desilusão ainda têm o travo amargo do caminho há pouco percorrido. Aproveitei o momento e deste modo se aproveitaram da mão que estendi e que hoje lavo do cuspo à qual a submeti. O teatro permanece naquela sala...mas os actores são outros, agora que me despeço vagarosamente, como sombra de quem quiseram atar naquela teia.





Não conheço a terra onde nasci. Morri no dia em que dela saí...e outro me transformei porque doutros me alimento, até hoje: a noite em que quis moldar as palavras como o barro de que sou feito...e (ainda) não consegui.

2 Comments:

  • Devemos sempre ver com a nossa cabeça, ouvir com o coração e (re)conhecer pelo nosso instinto. É pela leitura dos olhos - os nossos - que vemos a Verdade e, como Alguém disse, a verdade é a beleza e a beleza, digo eu, é a vida com os seus projectos a que chamamos sonhos. Espero que tu, P, não desistas de sonhos e te entregues a projectos como já te vi fazer nessa força da tua alegria e na coragem da tua crença. E gostava de estar por perto. Aplaudindo-te de pé. Fico à espera.

    By Blogger Catarina, at 3:55 AM  

  • Quem se alimenta de fantasmas anda ao engano, pois são eles, as sombras, que se alimentam de nós. Há que libertar as amarras da amargura e inchar o peito ao mundo. Só caminha em frente quem é livre.

    By Blogger Liliana Ponces, at 6:19 AM  

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